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28 de Julho de 2025

TDAH ainda é pouco compreendido e diagnóstico correto segue sendo desafio, alerta psiquiatra do CEJAM

Cada vez mais presente nas conversas do dia a dia e até mesmo nas redes sociais, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ainda é cercado por desinformações, preconceitos e diagnósticos equivocados. O que muitos ainda tratam como uma fase, preguiça ou traço de personalidade é, na verdade, um transtorno do neurodesenvolvimento que pode afetar profundamente a vida de crianças, adolescentes e adultos quando não identificado e acompanhado de forma adequada.

“O TDAH é uma condição com base biológica e genética, que afeta a capacidade de manter o foco, de regular os impulsos e, em alguns casos, de conter a hiperatividade. Não é falta de educação, nem falta de esforço. É um cérebro que funciona de forma diferente”, explica a psiquiatra Carla Vieira, do CAPS Infantojuvenil M’Boi Mirim, unidade gerenciada pelo CEJAM em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS-SP).

Segundo a especialista, os sintomas costumam surgir ainda nos primeiros anos de vida e acompanhar o indivíduo em diversas fases. Na infância, são mais visíveis sinais como agitação, impulsividade e dificuldades escolares. Na adolescência, a hiperatividade tende a se tornar mais interna, e problemas de organização e impulsividade nas decisões ganham espaço. Já na vida adulta, o que predomina é a desatenção, desorganização e a dificuldade em manter uma rotina funcional.

“Muitos adultos que atendo só percebem que têm TDAH depois que os filhos são diagnosticados. Eles começam a se identificar com os sintomas e entendem que a vida inteira lutaram contra algo que nunca souberam nomear.”

Mesmo com todos esses sinais, o diagnóstico pode passar despercebido por anos. Em especial no caso das mulheres, que muitas vezes apresentam o tipo predominantemente desatento, sem a agitação que costuma chamar atenção. “Essas meninas acabam sendo rotuladas como distraídas, sonhadoras, desorganizadas. E crescem tentando se adaptar, sem saber que há um motivo para suas dificuldades”, afirma a psiquiatra.

O diagnóstico do TDAH é clínico, feito com base em entrevistas detalhadas, uso de escalas validadas e exclusão de outras causas para os sintomas. Apesar de os conteúdos nas redes sociais contribuírem para aumentar a conscientização, Carla alerta para os riscos do autodiagnóstico. “Identificar-se com um vídeo não é o mesmo que ter TDAH. A avaliação precisa ser feita por um profissional capacitado, que leve em conta a frequência, a intensidade e o impacto real dos sintomas na vida da pessoa.”

De acordo com a médica, os impactos do transtorno vão além da atenção ou da agitação. O TDAH pode comprometer a saúde emocional e física do paciente, levando à baixa autoestima, ansiedade, depressão, distúrbios do sono e até comportamentos de risco. Além disso, costuma coexistir com outras condições, como transtornos de aprendizagem, uso de substâncias e dificuldades de relacionamento.

O tratamento, quando necessário, é individualizado e pode envolver diferentes abordagens. Medicamentos estimulantes são amplamente utilizados, mas não são a única via. “A terapia cognitivo-comportamental, as mudanças de estilo de vida e a psicoeducação são pilares fundamentais. O tratamento não é uma receita única. Ele precisa ser ajustado à realidade de cada paciente”, explica.

Para a psiquiatra, o maior obstáculo ainda é a falta de acesso ao diagnóstico e tratamento adequado. Ela ressalta a importância de investir na formação de profissionais e no fortalecimento da conexão entre saúde e educação. “Ainda vemos muitas crianças sendo rotuladas como ‘difíceis’ na escola, sem receber o suporte necessário. Precisamos capacitar professores, estruturar planos de ensino individualizados e criar pontes entre as equipes pedagógicas e os profissionais de saúde.”

Outro desafio, segundo ela, é o combate ao preconceito. “Ouço muito no consultório que TDAH é desculpa, que é invenção da indústria farmacêutica, que é falta de esforço. Isso machuca e atrasa o tratamento. Precisamos entender que não se trata de falta de vontade, e sim de uma condição legítima, reconhecida pelas principais entidades de saúde do mundo.”

A médica reforça que, com o diagnóstico correto, acompanhamento apropriado e empatia, é possível garantir mais qualidade de vida e autonomia para quem convive com o transtorno. “O TDAH não define uma pessoa, mas compreender como ele funciona pode mudar completamente sua trajetória. A informação é o primeiro passo para isso.”

Fonte: Comunicação, Marketing e Relacionamento

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