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04 de Julho de 2017

Aos cinco anos, Michel conseguiu ficar em pé pela primeira vez

Em silêncio, esparramado no colchão do salão de fisioterapia da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), em Porto Alegre, Michel Mendes da Silva, cinco anos, manteve os olhos atentos às pernas franzinas, espremidas entre quatro hastes de metal, enquanto elas eram enlaçadas com fitas de velcro pela fisioterapeuta. Portador de mielomeningocele, uma malformação na coluna que sempre o impediu de ter forças nos membros inferiores, o menino vive preso a uma cadeira de rodas. Com o auxílio do tutor – órtese para mantê-lo firme da cintura para baixo, produzida pela oficina ortopédica da AACD –, ele estava prestes a seguir numa jornada rumo ao desconhecido a partir daquela data, 11 de janeiro deste ano.

Concluídos os 15 minutos da etapa de colocação do aparelho recomendado pelos médicos, para tentar amenizar o caso congênito, Michel esboçou uma euforia até então jamais vista pelos pais, a dona de casa Julia Graciela Mendes, 34 anos, e o azulejista Hebert Wagner da Silva, 33, moradores da Vila São Borja, na zona norte da Capital. Sozinho, o pequeno gargalhou ao ficar em pé pela primeira vez:

Nas primeiras passadas, ainda apoiado na fisioterapeuta, Michel ouviu palavras de incentivo vindas dos pais, que assistiram de longe ao desafio do menino. A força para movimentar as pernas era tanta que fazia saltar a veia do pescoço. Enquanto segurava nas barras do corredor propício para a prática, ele não parava de olhar para os lados, orgulhoso. Outros pacientes e técnicos presentes no salão vibraram. A movimentação seguiu por quase 20 minutos. Mesmo cansado, ele quis permanecer em pé para jogar bola com o pai. Por jamais ter caminhado, o menino depositou nos braços toda a energia da infância. Tem mira e força suficientes para os toques, seja jogando vôlei ou basquete. Foram quase 40 minutos na nova posição.

""A gente se emocionou muito porque não esperava vê-lo assim. É uma nova e grande etapa"", afirma o pai, sem desgrudar do celular responsável por registrar cada instante de Michel. ""Ele acha que cresce em pé. Ficou muito feliz"", completa a mãe, enquanto enxuga os olhos marejados.

Acompanhado pelas equipes técnicas da AACD/RS desde antes de completar um ano, Michel é um dos mais 77 mil pacientes gaúchos que, em 16 anos de existência da entidade em Porto Alegre, receberam aparelhos produzidos pela fábrica ortopédica, considerada a maior de órteses e próteses no Estado. Cerca de 80% destes equipamentos foram distribuídos a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), que, assim como os pais de Michel, não teriam condições de comprá-los.

Fonte: ZH Vida

Deficiente Saúdavel Notícias

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