A bala perdida que tirou o movimento das pernas de Rubem Ferreira de Melo, quando ele tinha apenas 18 anos, não o impediu de viver a vida como qualquer outra pessoa. Agora, aos 34 anos, Rubinho, como é conhecido pelos amigos, conseguiu realizar um antigo sonho: voar de parapente.
(Sou carioca e sempre frequentei ambientes esportivos quando ainda não era cadeirante e o desejo de estar nestes locais não mudou depois do acidente, só aumentou. Acabei me casando com uma mineira e me mudei para Passa Quatro e, há quatro anos, desde que construíram a rampa aqui na cidade, alimentei o desejo de voar), explicou Rubinho.
E ele voou. O sonho foi realizado no dia 30 de agosto em Passa Quatro (MG), na Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas, durante o Encontro de Voo Livre organizado por pilotos e instrutores de voo da cidade e região.
(Foi um dia encantador. O céu estava lindo e as condições para o voo perfeitas. Não tive nenhum medo ou receio, porque os profissionais que estavam comigo me passaram toda a segurança para a realização do meu sonho. Coragem a gente sempre tem, ainda mais para aquilo que queremos fazer, e foi o que aconteceu, eu voei), contou o cadeirante.
Como Rubinho é cadeirante, o voo dele necessitava de mais cuidado ainda e o escolhido para essa missão especial foi o experiente piloto e instrutor Eliedson Fernandes, o Camarão.
(Preparamos uma equipe para ajudar na decolagem e também no pouso. Foi um salto bem estudado, porque como preciso da ajuda do passageiro para corrermos na rampa, foi necessária a ajuda de outros dois pilotos que correram junto com a gente, no momento do salto. Depois que estávamos voando foi algo inexplicável. Só quem voa sabe a magnitude que é estar mais próximo do céu e a minha emoção foi tão grande quantoà de Rubinho), contou o piloto.
Para o piloto, e também instrutor de voo, que há 13 anos está no ramo e já perdeu as contas de quantas horas esteve nos ares, esta também foi uma experiência marcante.
(Foi a primeira vez que realizei um voo duplo com um cadeirante e confesso que depois de guardar o equipamento, a primeira coisa que fiz foi agradecerà Deus pela oportunidade e, chorar), confessou Camarão.
Para Rubem, voar não é uma questão de coragem, é uma questão de determinação, provando que não são as asas que nos fazem voar, mas sim o desejo de ir além.
(Ano que vem quero voar mais uma vez e, quem sabe, até minha esposa realize o primeiro voo dela. Eu costumo dizer que o fato de estar vivo me leva além. Posso até não andar, mas agora sei que já posso voar. É vida que segue e prefiro aproveitar a minha da melhor forma e feliz, sempre agradecendoà Deus por estar vivo), comemorou Rubinho.
O parapente é um planador ultra leve flexível que evoluiu do paraquedas. É feito de materiais como o nylon e poliéster não porosos e impermeabilizados, para que o ar que entra não vaze através do tecido, mantendo assim a pressão interna e o material inflado.
Enquadra-se na modalidade de voo livre e pode ser praticado por recreação ou competição, sendo considerado um esporte radical.
Para a prática do esporte é fundamental procurar profissionais habilitados para que o salto seja algo emocionante e realmente seguro dentro de padrões internacionais.
Fonte: G1.com