A composição de Gonzaguinha que embalou a entrada dos 286 atletas brasileiros no Estádio do Maracanã no dia 7 de setembro de 2016, para a Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, não poderia ser mais adequada.
Mais de 50 mil pessoas uniram-se na arena mais simbólica do esporte nacional para conferir a novidade. A primeira edição de Jogos Paralímpicos na América Latina começou com a festa que emocionou tanto aos presentes no estádio quanto aos brasileiros, que de casa geraram a maior audiência da história do canal SporTV 2, que a transmitiu.
Os onze dias que se seguiram também foram marcantes. Nos locais de competição, os atletas brasileiros brilharam e conquistaram 72 medalhas (14 de ouro, 29 de prata e 29 de bronze), 67% a mais do que em Londres 2012. O melhor desempenho do Brasil em uma edição de Jogos Paralímpicos. Treze modalidades subiram ao pódio, quatro delas (canoagem, ciclismo, halterofilismo e vôlei sentado) pela primeira vez.
Os atletas fizeram sua parte e receberam apoio à altura. Cerca de 2,1 milhões de ingressos vendidos fizeram do Rio 2016 a Paralimpíada com o segundo maior público de todos os tempos, atrás apenas de Londres 2012 (2,7 milhões). Quase 170 mil pessoas lotaram o Parque Olímpico da Barra no sábado, 10 de setembro, e quebraram o recorde do local no período tanto dos Jogos Olímpicos quanto Paralímpicos.
(Acredito que, depois dos Jogos Paralímpicos do Rio 2016, o Movimento Paralímpico alcançou um novo status entre as pessoas. Passou a ser visto também como um produto interessante, que tem retorno. Nossa meta é continuar trabalhando próximo à mídia para que possamos colocar em pauta todo o novo ciclo até Tóquio e mostrar que nossos atletas podem ainda mais), disse Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro.
A (nova idade) e as (novidades) não pararam por aí. As nove medalhas conquistadas por Daniel Dias fizeram dele a cara da competição e do esporte paralímpico nacional. Ao sentar na bancada do Jornal Nacional do dia 19 de setembro, o nadador entrou no seleto rol que conta com o pentacampeão mundial de futebol Ronaldo e o tricampeão de Roland Garros Gustavo Kuerten, únicos esportistas convidados a falar no espaço nobre da TV Globo.
O simbolismo da presença de Daniel Dias no Jornal Nacional retrata o espaço conquistado pelos atletas paralímpicos. Sem coitadismo, a delegação brasileira pôde ser retratada da maneira que fez por merecer, como atletas de alto rendimento que alçaram o Brasil ao status de uma das maiores potências do Movimento Paralímpico mundial.
(O esporte paralímpico nunca mais será o mesmo depois dos jogos do Brasil. Acredito que conquistamos um espaço e o respeito das pessoas. No primeiro dia que entrei para a final (dos 200m livre S5), eu me assustei. Não esperava ter tanta gente ali. Foi uma surpresa incrível e procurei desfrutar essa experiência ao máximo. Foi algo incrível, único), disse Daniel, à época dos Jogos.
Legado tornou-se o vocábulo da moda no Brasil a partir de 2009, quando da escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos de 2016. Como herança intangível, a mudança de percepção do brasileiro em relação aos atletas e às pessoas com deficiência é notória. No aspecto material, o esporte paralímpico também se beneficiou.
A ocasião dos Jogos Paralímpicos fez com que fosse construída em São Paulo a casa do esporte adaptado brasileiro. O Centro de Treinamento Paralímpico abriu as portas em maio de 2016, foi sede da aclimatação brasileira para a competição e pode receber até 280 atletas de 15 modalidades simultâneamente.
Um ano após a abertura do Rio 2016, o Comitê Paralímpico Brasileiro já tem seu foco voltado para os Jogos de Tóquio 2020. Para que, daqui três anos, um grande desempenho da delegação paralímpica do país deixe de ser novidade para o público.
Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro