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03 de Março de 2015
Um dos maiores centros de assistência a crianças e adolescentes com autismo em São Paulo vai deixar de atender 110 pacientes carentes.
Um convênio que vigorava havia seis anos do CPA (Centro Pró-Autista) com a Secretaria da Saúde do Estado da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) foi rompido no mês passado por falta de acordo entre as partes.
As famílias afetadas já foram avisadas pela instituição sobre a descontinuidade dos tratamentos que envolvem fonoaudiologia, musicoterapia, educação física, atendimento psicológico e outras terapias. Agora, terão de buscar assistência em centros públicos de saúde mental.
A quebra da rotina de tratamentos de uma criança com autismo, de acordo com especialistas, pode provocar retrocesso nas conquistas de meses de terapias.
A entidade alega que está há quatro anos deficitária devido aos custos dos pacientes atendidos pelo convênio e que a situação vinha gerando uma bola de neve financeira.
(A maior parte das crianças recebe atendimentos diários. Temos 32 técnicos de várias áreas e outros profissionais envolvidos. O valor repassado pelo Estado é de R$ 800 mensais por aluno, mas nosso custo é de R$ 1.500. Não há como manter essa situação. A instituição é filantrópica), diz Wanderley Domingues, presidente do CPA.
Uma resolução técnica da secretaria, de 2013, também criou obstáculo para a continuidade do acordo: o CPA teria de contar com enfermeiros e fisioterapeutas, o que, segundo a instituição, encarece a folha salarial em R$ 20 mil.
O governo diz que o rompimento do convênio partiu do CPA por não aceitar as condições e que há vagas para os pacientes em outros serviços.
Parte das famílias que vão perder a assistência de seus filhos, a partir de abril, está se mobilizando para entrar na Justiça pedindo que o Estado reestabeleça o convênio.
(O CPA, além de ajudar meu filho, me capacita a ser a mãe que ele tanto precisa. Assisti avanços durante o tratamento que outros julgaram impossíveis), diz Aline Marques, mãe de Caio, 3, que frequenta o centro há quase um ano.
(A incerteza de tratamento adequado nos assombra. De janeiro pra cá [quando pais foram avisados da crise], sinto que o estou perdendo. Tudo pelo que lutamos tanto está se deteriorando), afirma.
Os pais alegam que não irão encontrar em centros públicos de atendimento a mesma qualidade e os resultados do centro especializado.
OUTRO LADO
A Secretaria da Saúde disse, em nota, que o rompimento do convênio partiu do CPA por não aceitar as (novas metodologias de atendimento) estabelecidas em julho de 2013.
Segundo a pasta, elas preveem (atendimento mais humanizado), com equipes multiprofissionais. Ainda segundo a secretaria, as demais instituições conveniadas (se adequaram às novas metodologias).
O órgão afirmou ser (falsa) a informação de que os valores são insuficientes para as despesas.
Segundo a secretaria, há vagas para os pacientes em serviços de saúde mental.
Até o final de março, as crianças vão continuar no CPA por uma decisão liminar conseguida pela secretaria na Justiça.
Fonte: Folha de São Paulo
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