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11 de Abril de 2018

Paciente aprova terapia oferecida em postos de saúde da capital 

O anúncio feito pelo Ministério da Saúde da ampliação da oferta de terapias alternativas no SUS (Sistema Único de Saúde) colocou em lados opostos terapeutas holísticos, que promovem as técnicas, e a classe médica, que critica o uso de dinheiro público em práticas sem comprovação científica.

Com as dez novas terapias, agora são 29 as práticas integrativas e complementares oferecidas pelo SUS. Desse total, apenas duas são reco nhecidas pelo (FM ((onselho Federal de Medicina) como especialidade médica: a acupuntura e a homeopatia. 0 ministério estima que cerca de 5 milhões de pessoas por ano participem dessas práticas no SUS. Para os terapeutas holísti-cos, a ampliação das técnicas oferecidas pelo SUS é um reconhecimento do trabalho dos profissionais da área. O presidente do Cremes (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), lavínio Nilton Camarim, disse que não é contra a prática dessas técnicas como uma forma de promover o bem-estar dos pacientes.

Porém, a preocupação é quando se oferece essas terapias como prevenção ou cura de doenças, principalmente as crônicas, como hipertensão. "São paliativos importantes que promovem o relaxamento, mas mão dá pra dizer que com a imposição de mãos vai curar doenças. Isso coloca em risco a saúde da população ", afirmou. 0 pediatra Marun David Cury, diretor de defesa profissional da APM (Associação Paulista de Medicina), disse a entidade não concorda com a decisão do governo de in-duir as terapias no SUS porque elas não são reconhecidas como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina.

Também ressaltou que não há pesquisas científicas que comprovem a eficácia desses tratamentos. "Por isso, como médico fica difícil indicar uma dessas terapias. E também somos proibidos de praticá-las".



PRÁTICA NÃO SUBSTITUI O TRATAMENTO
Enfermeira de formação, a terapeuta holística Tánia Duarte trabalha há 10 anos com cromoterapia, uma das novas terapias incluídas no SUS. Nesse período atendeu em clínicas particulares e também como voluntária em um hospital da capital. Agora, com a decisão do Ministério da Saúde, acredita que a cromoterapia possa chegar a mais pacientes, principal mente os mais carentes. "A cromoterapia não substitui nenhum tratamento convencional. É uma terapia complementar à medicina tradicional. Acredito que [o acesso à cromoterapia] será uma economia para o país porque poderá prevenir doenças e também promover a cura mais rápido", disse. Sobre as críticas de entidades médicas, Tânia disse que algumas das terapias alternativas são baseadas na medicina tradicional chinesa, que é voltada para o bem-estar do indivíduo e não para o tratamento da doença.

"Será uma questão de tempo para os médicos aceitarem essas terapias, que são vão complementar o tratamento. As pessoas não vão deixar de ir ao médico", afirmou a terapeuta.

 

Terapeutas holísticos defendem a ampliação da oferta das técnicas
Entidades que representam os terapeutas holísticos defenderam a ampliação da oferta de terapias alternativas pelo SUS. Para o secretário-executivo da Abrath (Associação Brasileira dos Terapeutas Holísti-cos), João Bastos, disse que a medida vai de acordo ao que preconiza a OMS (Organização Mundial de Saúde), que defende que as medicinas tradicional e a complementar devem fazer parte dos sistemas de saúde.

"Por isso, o governo deve desenvolver políticas que induam essas duas medicinas", afirmou. Bastos também ressaltou que as terapias não substituem os tratamentos tradicionais, mas são práticas complementares. Para o CRI (Conselho de Auto-Regulamentação da Terapia Holística), que atua na defesa da ética e da qualidade dos profissionais da área, é "claro que há um lado óbvio e positivo" na medida. "Afinal, em tese, é um reconhecimento de que sempre estivemos certos em abraçar as técnicas holísticas, tão perseguidas na história", diz o conselho em nota. Porém, o conselho admite que este momento de crise econômica no país não foi um bom momento para anunciar a ampliação da oferta de terapias no SUS. "Anunciar um gasto público extra em plena crise econômica e perante um verdadeiro caos no serviço público de saúde, onde falta quase tudo, só poderia causar revolta e desaprovação social", diz a entidade na nota.

A reportagem questionou o Ministério da Saúde sobre quanto de dinheiro será destinado para a oferta das novas terapias e também sobre as críticas das entidades que representam médicos e terapeutas, mas não obteve respostas.

 

Paciente aprova terapia oferecida em postos de saúde da capital 

Quando soube da possibilidade de aprender a técnica de massagem shantala, a pedagoga Janaina da Silva, 36 anos, logo se inscreveu para participar do grupo.

A terapia é uma das que já são oferecidas pelo SUS. Na UBS Jardim Maracá, no Capão Redondo (zona sul), a técnica é oferecida uma vez por mês a mães com bebês de até 1 ano. "Eu já conhecia a shantala, mas nunca tinha feito. É uma delícia fazer essa massagem. um momento só meu e do meu bebê Emanuel, que tem sete meses, e também gosta muito. Pretendo continuar fazendo a massagem em casa", afirmou Janaina. A pedagoga disse que já foi três vezes ao posto para aprender a técnica de massagem e pretende continuar fazendo no seu bebê.

A fisioterapeuta Kelly Brenner, 40 anos, que aplica a shantala na UBS Jardim Maracá, disse que a terapia ajuda a desenvolver o vincu lo entre mãe e bebê. "Esse vínculo é de extrema importância para o desenvolvimento da criança", afirmoul a fisioterapeuta, que disse ter a aprendido a shantala= ainda na faculdade. Kelly também ressaltou ai importância de essas terapias serem oferecidas gratuitamente na periferia da capital, onde a maioria das mães não tem acesso às técnicas por falta de condições financeiras ou até mesmo de conhecimento.
 

Fonte: Jornal Agora SP

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