Todas as cidades do mundo, até as mais humildes e perdidas em algum lugar da face da Terra, oferecem a seus moradores e visitantes um belvedere para se contemplar a vista panorâmica da cidade e da paisagem ao seu redor. No Rio, cidade privilegiada por sua geografia, parte de seus visitantes — os deficientes visuais — ficam privados de desfrutar intensamente das imagens, mesmo com toda imaginação.
O Inspiration Island tem cadeiras de rodas à prova d’água para os visitantes
Parque aquático para pessoas com deficiência será aberto nos EUA. Como é (ver sem enxergar)? Jovem chama atenção nas redes com relatos pessoais.
Em Nápoles, no Sul da Itália, uma das cidades mais bonitas do mundo, esta desigualdade foi reparada recentemente: em janeiro deste ano, no Castelo de Santo Elmo, fortaleza da Idade Média situada estrategicamente no topo de uma colina, com uma visão de 360 graus de toda a cidade e do seu entorno, foi instalado um trabalho do artista italiano Paolo Puddu, formado na Academia de Belas Artes da cidade, chamado (Follow the Shape).
A obra consiste num corrimão metálico com inscrições em Braille que percorre todos os caminhos e escadarias da Praça das Armas. O trabalho ganhou a 5°edição do concurso (Uma obra para o castelo), cujo tema era (Apenas um olhar — relações e encontros) e que teve a curadoria de Angela Tecce e Claudia Borrelli, diretoras dos museus da Campânia e do Castelo de Santo Elmo, respectivamente.
Neste corrimão foram colocadas frases do livro de 1919 (A Terra e o Homem), do escritor napolitano Giuseppe De Lorenzo e, graças a esta iniciativa, os deficientes visuais poderão ter uma ideia da extraordinária da paisagem da região da Campânia através de uma experiência muito diferente do visual — nem por isso menos intensa, já que o poder das palavras pode ligar de uma forma sublime a imaginação e dar excelentes resultados, envolventes e sensoriais.
Fonte: O Globo